Quando há cerca de 1 ano, decidi ir com o meu grupo de praticantes de Tai-Chi, ao passeio mistério que a Junta de Freguesia do meu bairro proporciona aos reformados,não imaginei que nesse dia ia conhecer aquela que é hoje uma grande amiga.
Tal como eu, a Isabel chegou, olhando um pouco assustada para tamta gente. Mais de 200 pessoas são, para ambas, uma multidão.
"Encostámo-nos" uma à outra e lá fomos. Conversámos todo o caminho e logo nasceu uma grande empatia. Sabe-se lá porquê! Sabe-se lá porque gostamos, ou não, de outra pessoa! Na amizade como no amor, o melhor é não procurar explicações!
Passámos a encontrar-nos para tomar o nosso cafézinho e um dia a Isabel trouxe-me um livro e disse "gostava que lesses. Fui eu que escrevi." E trouxe-me outro, e outro e outro... "Apaixonei-me" pela sua escrita!
Mais conhecida como tradutora do Harry Potter, Isabel Fraga é uma escritora duma profunda sensibilidade poética. Tem livros de poesia e prosa publicados em Portugal e França.
Nada mediática, recusa entrevistas para a televisão, limitando-se a dá-las para jornais ( não tenho que me expor tanto, diz ela).
Aspecto falsamente frágil, olhar um pouco triste, Isabel não é dada a grandes risadas, mas quando fazemos as nossas caminhadas (para manter a linha, dizemos nós), é bom ouvir as suas gargalhadas com as minhas "tonterias".
Conversamos muito, de tudo e de nada, aceitamo-nos como somos, parecidas em muita coisa e diferentes noutras, com qualidades e defeitos que temos, como toda a gente, aceitamo-nos e respeitamo-nos e nisso se baseia a nossa amizade.
Quando um dia, falando de esoterismo, espiritualidade, etc., eu que sou céptica, (e ela sabe-o) lhe disse " sabes, eu noutra encarnação fui Princesa". Ela parou, olhou para o meu 1,70m e disse no seu subtil sentido de humor " Porte... tu tens ! ". Claro que desatámos as duas a rir!
Fala com muita ternura dos Avós paternos que a criaram. Na sua dedicatória ao Avô, no livro "Seres Sentidos, diz " Ao meu Avô Urbano da Palma Rodrigues, que me ensinou a amar de alma para alma". Fala do Monte perto de Moura onde viveu até aos 8 anos. Fala com muita ternura e admiração de seu Pai o escritor Urbano Tavares Rodrigues, de quem diz lhe ter dado a ler livros, sempre na idade errada. Fala com muita saudade da Mãe, a escritora Maria Judite de Carvalho, falecida há 8 anos e de quem diz lhe ter dado a ler livros, sempre na idade certa. Fala com ternura do marido, investigador da 1ª guerra mundial e ensaísta, Luis Fraga, das duas filhas e da neta que vai nascer e que vai chamar-se Maria Judite, como a Bisavó. (Já andamos as duas a tricotar o enxoval).
Isabel fala com ternura dos amigos e de toda a gente que se cruzou com ela ao longo da vida, porque Isabel é assim: um ser muito, muito bonito!
Isabel Fraga vai brevemente publicar mais um livro.
Há dias disse-me " será o meu último livro. Não vou escrever mais ! ". Mas nós não vamos deixar. Uma pessoa que escreve como ela o faz, nunca pode parar de escrever.
Eu gosto muito da Isabel. Sei que posso sempre contar com ela, mas ela também sabe que pode sempre contar comigo.
É BONITA a nossa amizade.
5 comentários:
Apetecia-me te telefonar a dizer o que me foi na alma ao ler teu texto, mas depois fiquei sem palavras para expressar. É daquelas coisas que não se descrevem. Ficamos assim. Um dia pode ser que as ache e tas diga. Agora não, não sei que te diga. Que gosto? Ok, mas isso tu sabes e eu queria dizer mais.
A Isabel deve estar feliz por ter uma amiga assim
quanto invejo a isabel por ter uma amiga deste "calibre". claro que roído de "inveja" só uma coisa posso fazer:
vasculhar as livrarias daqui da minha zona à procura dos livros da autora, e depois de serem "devorados" colocados na estante ao lado de um outro grande escritor - o pai.
Vim aqui vasculhar este seu cantinho e deixo-lhe nota disso, junto a este texto sobre a filha de um dos escritores portugueses que mais admiro (pelo qual a minha filha tem uma enorme paixão). Curiosamente estou a ler o "Eterno Efémero" do Urbano. Agora fiquei com vontade de ler alguma coisa da Isabel Fraga.
ah... gostei das aguarelas...
Das fotografias vou-lhe dizendo em outro espaço...
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