domingo, 27 de maio de 2007

Fotógrafos


Quem faz fotografia sabe que os fotógrafos são uns "chatos".
Já tentei levar pessoas amigas comigo, mas desisti de o fazer, porque passado uma hora no máximo, transformaram-se nos meus piores inimigos. Tal é o tempo que levamos a estudar o enquadramento, a esperar por aquela luz especial, etc. etc.
De facto é uma acto muito solitário, ou companhia... só mesmo outro "chato"!

sexta-feira, 25 de maio de 2007

É urgente o amor



É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.

"Eugénio de Andrade"

ps. para AC, para que atentamente o leia e nunca o esqueça.

terça-feira, 22 de maio de 2007

As 8 Estações



Hoje fui ao CCB ouvir as Vivaldianas.
As Vivaldianas são uma orquestra de câmara formada por 14 elementos femininos, que actuam na orquestra Gulbemkian.
Muitas das obras de Vivaldi foram compostas, com fins didácticos, para as alunas que frequentavam a escola de Veneza, reservada a crianças desprotegidas do sexo feminino, e onde ele era professor.
Foi neste enquadramento que surgiram as Vivaldianas.
Intitulado as 8 Estações, este concerto foi composto pelas 4 Estações de Vivaldi e as 4 Estações de Astor Piazzola, como se de um "despique", separado por mais de 2 séculos, se tratasse.
Valeu a pena ir ao CCB neste dia triste e chuvoso.

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Folhas breves


Somos folhas breves onde dormem
aves de silêncio e solidão.
Somos só folhas e o seu rumor.
Inseguros, incapazes de ser flor,
até a brisa nos perturba e faz tremer.
Por isso a cada gesto que fazemos
cada ave se transforma noutro ser.


"Eugénio de Andrade"

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Juntos




Iremos juntos sozinhos pela areia
Embalados no dia
Colhendo as algas roxas e os corais
Que na praia deixou a maré cheia
As palavras que disseres e eu disser
Serão sómente as palavras que há nas coisas
Virás comigo desumanamente
Como vêm as ondas com o vento
O belo dia liso como um linho
Interminàvel será sem um defeito
Cheio de imagens e conhecimento.

"Sophia de Mello Breyner Andresen"

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Espera

 
  Eugénio de Andrade é ,para mim, o maior poeta português. "Cantou" o amor como ninguém. Quando fiz esta fotografia lembrei-me deste poema. Gostaria que fossem minhas estas palavras que se seguem... mas foi ele que as soube escrever.
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Aqui onde o exílio
dói como agulhas fundas,
esperarei por ti
até que todas as coisas sejam mudas.
Até que uma pedra irrompa
e floresça.
Até que um pássaro me saia da
garganta
e no silêncio desapareça.


"Eugénio de Andrade"


sábado, 5 de maio de 2007

O Mar

                                                                       

O mar é algo que sempre me intimidou, mas tive a sorte de poder viver num Paraiso rodeado de mar: os Açores.
Olhar aquela imensidão, foi muitos dias o meu "porto de abrigo"onde busquei e encontrei uma grande tranquilidade.
Hoje o mar continua a intimidar-me, mas não posso viver sem ele, qual apelo para o abismo.