sábado, 9 de abril de 2011

O convertido



Entre os
filhos d um século maldito
Tomei também lugar na ímpia mesa,
Onde, sob o folgar, geme a tristeza
D uma ânsia impotente de infinito.


Como os outros, cuspi no altar avito
Um rir feito de fel e de impureza ...
Mas , um dia, abalou-se-me a firmeza,
Deu-me rebate o coração contrito!


Erma, cheia de tédio e de quebranto,
Rompendo os diques ao represo pranto,
Virou-se para deus minha alma triste!


Amortalhei na fé o pensamento,
E achei a paz na inércia e esquecimento...
Só me falta saber se Deus existe!

"Antero de Quental"

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