domingo, 29 de novembro de 2009

Nevoeiro


Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer –
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...

É a hora!

"Fernando Pessoa"

4 comentários:

JOSÉ RIBEIRO MARTO disse...

Poema , absoluto !
E bem bonito ouvi-lo na voz de Amélia Muge!
Abraço , Manuela !
_______ JRMARTO

Nadinha disse...

É muito bonito, o seu blogue.

Glo disse...

Bella poesía y bella fotografía. He tomado, con tu permiso, tu transcripción del poema de Pessoa para mi última entrada.

Un abrazo.

jo ra tone disse...

E continua o nevoeiro.
Enquanto não aparece El-Rei D. Sebastião.
Bjo