quarta-feira, 8 de abril de 2009

Scalabis


 

 

Esta é a Cidade, e é bela.
Pela ocular da janela
foco o sémen da rua.
Um formigueiro se agita,
se esgueira, freme, crepita,
ziguezagueia e flutua.

Freme como a sede bebe
numa avidez de garganta,
como um cavalo se espanta
ou como um ventre concebe.

Treme e freme, freme e treme,
friorento voo de libélula
sobre o charco imundo e estreme.
Barco de incógnito leme
cada homem, cada célula.
É como um tecido orgânico
que não seca nem coagula,
que a si mesmo se estimula
e vai, num medido pânico.

Aperfeiçoo a focagem.
Olho imagem por imagem
numa comoção crescente.
Enchem-se-me os olhos de água.
Tanto sonho! Tanta mágoa!
Tanta coisa! Tanta gente!
São automóveis, lambretas,
motos, vespas, bicicletas,
carros, carrinhos, carretas,
e gente, sempre mais gente,
gente, gente, gente, gente,
num tumulto permanente
que não cansa nem descança,
um rio que no mar se lança
em caudalosa corrente.

Tanto sonho! Tanta esperança!
Tanta mágoa! Tanta gente!

"António Gedeão"

7 comentários:

Vanda Maio disse...

Um belo poema a acompanhar belas fotos **

kris disse...

Fantásticas fotografias!!

vou voltar.Fiquei maravilhada!

um beijo

Makejeite disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
OUTONO disse...

Uma focagem de beleza...uma abertura de diafragma...oportuna e, um "disparo" de sensualidade amante da cidade de quem ama...

Conjugação uníssona.

Beijinho

jo ra tone disse...

Lindas imagens belo poema,dedicado à nobre cidade de Santarém
Beijinho
Felis Páscoa

Glo disse...

La primera foto me gusta especialmente. Y que no me pregunten porqué...

Maria Clarinda disse...

Manuela que maravilha de fotos e de poema do Gedeão!!!!!
Beijinhos grandes