quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

"Absorto"


Eis-me em mim absorto
Sem o conhecer
Bóio no mar morto
Do meu próprio ser.


Sinto-me pesar
No meu sentir-me água...
Eis-me a balancear
Minha vida-mágoa.


Barco sem ter velas...
e quilha virada...
O céu com estrelas
É frio como espada.


E eu sou vento e céu...
Sou o barco e o mar...
Só que não sou eu...
Quero-o ignorar.

"Fernando Pessoa"

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